Para Léia,
minha irmã.
Num certo dia aconteceu o
milagre e ele mudou sua vida. Dali em diante, ela apegou-se a Adélia
Prado como quem se apega a Deus. Mulher é desdobrável. Eu sou. E
cria nas suas santas palavras. Um bálsamo.
Sua bíblia, agora. E comprou todos os livros dela que encontrou em um sebo qualquer. Uma pechincha. Poesia não
tinha valor. Os diamantes são indestrutíveis.
Mais é o meu amor.
Poesia não tinha o devido valor, essa (o)culta
esmeralda. Levou os livros pra casa. Espanou-os.Cuidou deles como quem cuida de um filho, de um marido, de um amigo, de um irmão... Mesinha de centro com Adélia
Prado. Chique. Cult. O mar é imenso? Meu amor é maior, mais belo sem ornamentos.
Mesinha de centro com Adélia
Prado é a coisa mais fina, última
moda em decoração. A coisa
mais fina do mundo é o sentimento.
Pensou em emoldurar o Casamento,
impresso em folha sépia
e fixá-lo
na sala de visitas, de maneira que o visitante pudesse desfrutá-lo
assim que entrasse. Mas mudou de ideia quando ele, enfim, disse que daria uma rápida
passada lá no
seu apartamento. Amizade ou amor? Melhor não
falar assim de cara em amor. Essa palavra
é luxo.
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