quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Dançarino


Há muitos anos, onde eu morava naquela época, havia dois lugares para meninos se banharem, mergulharem, darem piruetas no ar e depois caírem de ponta na água: o arroio Dançarino, para os meninos pobrezinhos, e, para os garotos riquinhos, a Sociedade Recreativa Lago Azul, vulga piscina. Eu, menino pobrezinho, muitas vezes, tive inveja, para não dizer raiva, dos garotos riquinhos que podiam se divertir no Templo da Recreação, a Piscina. Mas, quando os garotinhos ricos se enfastiavam daquela monotonia azul, sem correntezas, sem incertezas, vinham se alegrar com os meninos pobres nas águas do Dançarino. E o Dançarino, ah, sim o Dançarino sempre os acolhia com júbilo, pois, como ele mesmo me cochichava, eles, os meninos ricos, também eram filhos de Deus e mereciam certas dádivas. Hoje, dou Graças por não ter mergulhado naquelas águas cheias de cloro. O cloro poderia corroer a singeleza do meu espírito.
         Meu irmão pensava de outro modo: - Por causa do Dançarino, minhas cuecas estão sempre encardidas!  

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